10 de novembro de 2010

A receita do sucesso do Vale do Silício



Se existe um lugar conhecido mundialmente pela cultura empreendedora, é o Vale do Silício. A região, fincada no sul da Califórnia, ganhou esse nome ainda na década de 70, quando ali se concentravam muitas empresas fabricantes de chip de silício. Hoje é ali que se concentram as grandes empresas de tecnologia e internet que conhecemos hoje, como Google, Yahoo, Intel, Apple e HP.
Se estas companhias gigantes (que já foram pequenas um dia) não têm a fórmula mágica do sucesso, pelo menos alguns pontos em comum seus fundadores têm. E para falar desta receita, empreendedores da região estiveram em São Paulo nesta terça-feira (09/10), num evento promovido pela Bric Chamber (Câmara Brasil, Rússia, Índia e China).

Segundo eles, a primeira característica que um novo empresário deve ter é a inquietação com a rotina. “Nenhum empreendedor vai mudar o mundo, mas é isto que todos eles querem”, diz o brasileiro Reinaldo Normand, fundador da produtora de games Zeebo. Para ele, a “insatisfação” sobre as coisas que estão ao seu redor, leva o empreendedor a sempre buscar novas ideias.
A opinião é compartilhada por Paul Bragiel, um dos fundadores da I/O Ventures, empresa especializada em investir em projetos de start-ups. Ele diz que a busca por coisas novas é uma boa maneira de se inspirar e recomenda: “Gosto de me colocar em situações desconfortáveis. Viajar para um país que eu não conheça a língua, por exemplo, faz com que eu aprenda a me virar e tenha boas ideias”, diz.
“Estou vendo o Brasil como era o Vale do Silício nos anos 90. Não havia muita estrutura, mas existia muita vontade”, diz Ashwin Navin, um dos fundadores do BitTorrent
E quando as ideias vêm, os empreendedores do Vale do Silício alertam: não as desperdice, por mais simples que pareçam. Valorizar até os menores projetos foi o que ajudou Jawed Karim a fundar o YouTube junto com outros três amigos. Ele conta que o site de uploads de vídeo foi apenas uma de muitas ideias que os fundadores tiveram. “No início, queríamos montar um site de namoro que em vez de fotos, usasse vídeos. Decidimos investir nesta ideia e, com o tempo, o YouTube se tornou o que é hoje”, diz.

Transformar as ideias simples em grandes produtos com inovação constante é outra habilidade do empreendedor de sucesso. Na opinião de Reinaldo Normand, as melhores ideias da atualidade vieram de um projeto inicial simples. “Talvez pouca gente se lembre do Apple I, mas foi o que tornou os produtos da Apple o que são hoje”, diz.

Os empreendedores concordam que as ideias podem e devem ser aperfeiçoadas mesmo após seu lançamento no mercado, mas eles defendem também que é importante tentar prever a aceitação de seu projeto pelo público-alvo. “É muito importante estudar o mercado que você quer atuar, fazer sua própria pesquisa e tentar descobrir antecipadamente do que as pessoas poderiam gostar”, diz Aber Whitcomb, fundador da rede social MySpace.

Jawed Karim, do YouTube, concorda, e dá outra ideia para os novos empresários. Segundo ele, uma boa maneira de tentar antecipar a aceitação de um produto, é olhar para ele com os olhos de um consumidor. “Você deve se perguntar: isto serviria para mim”, diz ele, que afirma fazer uploads de vídeos com frequência no site e brinca: “devo ser um dos usuários mais ativos”.

Empreender no Brasil

Segundo os empreendedores do Vale do Silício, empreender no Brasil encontra alguns desafios. A alta carga tributária e a burocracia para abrir uma empresa são fatores apontados como os maiores “impeditivos”. Para Ashwin Navin, um dos fundadores do BitTorrent, os impostos freiam a inovação em muitos setores, como o da tecnologia. “Não importa a classe social, hoje em dia todos precisam de um computador e isto tem que ser percebido pelo governo”, diz Navin, que acredita que a acessibilidade daria mais vazão à inovação.

Mas além das questões governamentais, outras atitudes podem ser tomadas pela própria comunidade para melhorar o cenário do empreendedorismo no Brasil. Dividir experiências, sejam elas boas ou ruins, ajuda a incentivar a inovação. “Temos que aprender a compartilhar informações e valorizar novas ideias”, diz Reinaldo Normand, da Zeebo. Ashwin Navin concorda e afirma que isto é algo que acontece com frequência no Vale do Silício. “Afinal, não pode existir monopólio sobre as boas ideias”, diz.

Todos eles são unânimes num ponto: há muito espaço para boas e novas ideias no país, especialmente na área tecnológica. Eles afirmam que, durante sua passagem ao Brasil, têm visitado empresas e visto bons trabalhos dos brasileiros. “Estou vendo o Brasil como era o Vale do Silício nos anos 90. Não havia muita estrutura, mas existia muita vontade”, diz Navin.

Fonte: G1

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